“Nossas ruínas já nasceram ruínas". Foi o que disse Paulo Leminski, ao falar das paredes e colunas incompletas da igreja de S. Francisco, localizada no canto mais alto do Centro Histórico de Curitiba. “No Alto de S. Francisco as ruínas da igreja que poderia ter sido, mas não foi, monumento sobranceiro a todas as nossas frustrações, nossos fracassos, nossas pequenas derrotas, obelisco gritando a falência de todos os nossos grandes sonhos”.

  A Curitiba exposta nos holofotes e propagandas é constantemente discrepante da realidade e dos sonhos dos curitibanos e curitibanas. A cidade vendida como capital europeia e branca, modelo no transporte e na preservação do meio ambiente, na verdade, esconde, debaixo dos seus escombros, o reflexo de uma cidade que se solidificou na pedra da exclusão e se recusa a enfrentar seus reais caminhos. Nessa cidade, muitos encontram seus passos travados pelo racismo, pela violência, pela camada mofada da velha política, pelo desemprego, pelo abandono do Poder Público. “Eles venceram, e o sinal está fechado para nós, que somos jovens”.

  Mas amanhã poderá ser um novo dia para Curitiba. Uma capital diversa, com o fôlego da juventude e comprometida com a classe trabalhadora, com as mulheres, negras e negros, LGBTs e todas e todos aqueles que não são contemplados em um projeto nefasto de cidade, que apenas apaga, exclui e oprime. O amanhã pensado para um novo ciclo de Curitiba. Um caminho que rompa com os alicerces que consolidaram Curitiba como a cidade que caminha em círculos.

   Com a vitória de Lula, hoje vemos no horizonte renascer um Brasil novo, que venceu o projeto de desconstrução implementado por Bolsonaro e seus aliados. Desconstrução das políticas públicas de amparo social, desconstrução dos investimentos, desconstrução da verdade, desconstrução da paz e, enfim, desconstrução da humanidade presente em cada um e cada uma de nós.

   Os caminhos que atravessam a Curitiba de hoje, não são muito diferentes dos que permearam o cenário nacional. São, em verdade, vielas esburacadas que precisam ser expostas: transporte público lotado, sucateado e caro; ausência de espaços para a cultura e a democratização do espaço público; desvalorização do funcionalismo público local; exclusão da juventude periférica e dos trabalhadores; inflação mais cara entre as capitais; insegurança latente nas ruas; aumento da violência policial e dos casos de feminicídio; inexistência de políticas eficientes para os 60+; ausência de um olhar atento às mudanças climáticas; desintegração com a região metropolitana; esquecimento de políticas públicas para a população LGBTQIA+; entrega da cidade à especulação imobiliária, multiplicando o número de ocupações precárias, enquanto prédios seguem vazios pela cidade.

    Nesse ínterim, essa pré-candidatura se constrói sobre a chama da esperança que reluz no coração de cada um e cada uma dos que acreditam que, apesar de tudo, é possível fazer da Curitiba de hoje, a Curitiba de todas as vozes, cores, caminhos, crenças e encruzilhadas que nascerá no amanhã. Construída por diversas mãos, acreditamos que é na luta de um jovem negro, consciente de seu lugar na trajetória política de nossa cidade, que conseguiremos propagar a nossa voz, mesmo depois de séculos de silenciamento dos que vieram antes de nós.
 

    Matteus Henrique construiu sua caminhada no movimento estudantil, construindo gestões vitoriosas em diversas entidades importantes no Estado do Paraná e no Brasil, como o Centro Acadêmico Hugo Simas, o Diretório Central dos Estudantes da UFPR, a Federação Nacional dos Estudantes de Direito e a União Paranaense dos Estudantes. Oriundo da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, hoje advogado, é o primeiro membro de sua família a formar-se em uma instituição pública de ensino superior, por meio da política de cotas. É filho de professora e membro de uma família ideologicamente comprometida com a classe trabalhadora. Por isso, durante essa caminhada, foi atravessado pela centralidade do debate antirracista, pela defesa da vida das mulheres e pelo posicionamento anti-LGBTfóbico, de modo que viu nascer a necessidade coletiva de se construir um projeto novo e de enfrentamento ao quadro colocado da política institucional.

    A pré-candidatura de Matteus Henrique traz no seu âmago a vontade de dar vez às narrativas de uma Curitiba que não está no retrato. Queremos mover caminhos para trazer novas ideias e novas formas de construção política, incorporando os saberes que historicamente se encontram fora dela, nos corpos marginalizados e nas vozes hoje ausentes. Diversificar para construir uma política verdadeiramente humana, diversa, aberta ao contraditório e que humanize novamente nossa sociedade. Transformar em material tudo aquilo que acreditamos.

    Entendemos que é urgente a necessidade de uma nova forma de construção política, que articule os diferentes campos de atuação progressista na cidade, que dispute a burocracia da Prefeitura de Curitiba, que escancare as mazelas e hipocrisias construídas pelas sucessivas gestões da Cidade, que leve à Câmara Municipal um mandado ativo, popular, nas ruas e conectado com a periferia, com os movimentos de juventude, com os servidores e servidoras, com os movimentos sociais, com as organizações não governamentais e com as instituições de ensino da nossa cidade.

   Curitiba é logo ali. Nossos passos vêm de longe, e nos caminhos que andamos conseguiremos abrir os espaços que trarão de volta a esperança para os corações e mentes de quem quer mudar pra valer. Vamos juntos, de mãos dadas com um jovem negro, disputar a Câmara de Vereadores, o orçamento da cidade de Curitiba, as políticas para juventude e para a cultura, as verbas de políticas para mulheres, a qualificação de nossos servidores. Vamos, enfim, alargar os caminhos do desenvolvimento material e humano de Curitiba.

   Convocamos aqueles que querem fazer de nossa cidade a capital do amanhã a unir forças e lutar conjuntamente nesse compromisso. Por isso, convocamos toda Curitiba à luta, apoiando a candidatura de Matteus Henrique à vereança de Curitiba. Assine o manifesto e vamos transformar a cidade.